domingo, 8 de junho de 2014

Sobre o Admirável Mundo Novo

Apenas posso dizer que estou de volta após umas belas décadas (depois farei um post explicando o motivo de minha ausência e o que fiz nesse meio tempo, ou não, talvez eu não tenha feito nada mesmo).
Enfim, hoje falarei o sobre o livro Admirável Novo Mundo (Brave New World), autoria do digníssimo Aldous Huxley. Inicialmente gostaria de informar que a postagem não será uma resenha, mas conterá SPOILERS e uma breve discussão sobre a crítica apresentada no livro. Resumindo, é um texto preferível para quem já leu o livro.


Sempre quando termino um livro, fico uns dez minutos tentando colocar as ideias em ordem e formar uma opinião. O problema é acabo gostando de tudo que leio e assisto, logo o que eu acabei de ler/assistir torna-se algo fantástico, e praticamente se transforma no meu livro/filme favorito. E foi isso o que aconteceu com o Admirável Mundo Novo. Ele é um livro totalmente imprevisível, onde o foco não é ser mais uma história com um final feliz, o objetivo dele é nos colocar dentro de um universo paralelo (que supostamente seria o nosso futuro), criticando socialmente como nos tornamos cada vez mais robóticos e estamos perdendo o senso de humanidade com o avanço da ciência e tecnologia.

No livro, após a terra ter sofrido e perdido muitas vidas com guerras e violência, o que de certa forma são causadas pelo lado mais podre do ser humano, a própria sociedade aceitou viver em um mundo onde não existem riscos, riscos no sentido físico e emocional, pois a prioridade da sociedade era viver e e alcançar a felicidade, e nada mais importava. Dessa forma, com a tecnologia do futuro do mundo de Aldous Huxley, abençoada pelo deus Ford, os seres humanos são criados em laboratórios recebendo tratamentos psicológicos, que no mundo real em que vivemos contradiz todos os direitos humanos, com o objetivo de que quando tornarem-se adultos, saberão o que é certo e errado.

E claro, todos trabalham, são a favor do consumismo selvagem, que de acordo com o livro é o que faz a sociedade crescer. Cada um tem sua tarefa designada na sociedade, que é dividida por classes, cada qual com suas características definindo níveis sociais para que todos possam executar suas tarefas de acordo com a sua classificação. O interessante, é que mesmo a classe mais miserável, que foi manipulada durante a infância para não conseguir executar tarefas de classes superiores, consegue ser feliz, pois ele foi modificado geneticamente para gostar do que faz, como se não fosse algo ruim.


Também no livro, é bastante ressaltado o uso da substância química chamada de Soma, que seria uma espécie de antidepressivo com efeitos de felicidade e bem estar instantâneos. O consumo da substância tem muito haver com a nossa sociedade hoje, que como no livro, a maioria da população visa viver na procura da felicidade, e com o estresse das nossas vidas gerado por diversos fatores, torna-se cada vez mais comum pessoas que não conseguem lidar com isso, tendo que recorrer a alternativas químicas como fonte de ajuda e sobrevivência. Essa é uma das críticas que de acordo com o meu ponto de vista vejo no livro. Pessoas colocam muitas expectivas em coisas simples da vida, e quando algo não acontece de acordo com o planejado, quanto maior a expectiva, maior será a sua destruição, o que também colabora com o uso de remédios para que possam se recuperar desses fatos. O consumo de Soma no livro, é simplesmente fugir dos problemas que são causados por nossas emoções, o que nos torna fracos e com a experiência muito fortes. Vejo, em muitos casos o uso de anti-depressivos como o de soma, uma forma "mais fácil" de lidar com a vida. Nada contra pessoas que realmente sofrem de depressão, que a propósito hoje já é possível em alguns casos comprovar que realmente é uma doença não sendo possível tratar sem medicamentos, mas creio que mais da metade das pessoas que se intitulam com depressão realmente não a possuem.

Finalizando, não quero me extender muito, ainda existem diversos tópicos a serem tratados no livros, mas ficarão para futuros posts. O intuito foi apenas fazer uma comparação da nossa sociedade com a do livro, e mostrar que mesmo em 1932, ano da publicação do livro, Aldous Huxley estava certo, sendo um visionário do aspecto comportamental do indivíduo.