sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Teoria dos figurantes

Olá terráqueos, hoje irei falar sobre um assunto não muito comum, e que também não faz muito sentido: A teoria dos figurantes.
Antes de qualquer coisa vamos checar o significado de Figurante no dicionário.

Figurante
Significado de Figurante:
s.m. Personagem secundária, geralmente muda, em peça de teatro, em bailados ou cinema.
Pessoa que não desempenha papel determinado.
P. ext. Qualquer participante de uma peça dramática, de um filme.

Navegando pela internet alheia, nos primórdios da existência, época do estopim do Orkut, encontrei uma comunidade um tanto quanto peculiar que me chamou a atenção, a chamada teoria dos figurantes. Segundo a comunidade a teoria consiste em:

Primeiro Axioma da Figuração: O mundo é formado por, e apenas por figurantes e principais.
Segundo Axioma da Figuração: Os papéis são imutáveis.
Terceiro Axioma da Figuração: O número de figurantes é muito maior que de principais.
Quarto Axioma da Figuração (ou Princípio da Incerteza da Figuração): Nunca se sabe ao certo quem é principal e quem é figurante.
Primeiro Teorema da Figuração: Uma vez figurante sempre figurante.
Demonstração: Pelo Axioma 1, só existem principais e figurantes. Como os papéis são imutáveis pelo Axioma 2, portanto uma vez figurante, sempre figurante. 


Fora a comunidade, podemos encontrar vestígios da teoria na obra de Neil Gaiman chamado “Os filhos de Anansi”.
No livro segue tal trecho:

"É um mundo pequeno. Você nem tem que viver muito para aprender uma coisa dessas sem que ninguém lhe ensine. Existe uma teoria sobre como o mundo inteiro só existem 500 pessoas reais (o elenco, por assim dizer; todas as outras pessoas do mundo, diz a teoria, são figurantes) e todas se conhecem. Na realidade, o mundo contém milhares e milhares de grupos de mais ou menos 500 pessoas que passarão a vida se encontrando, se evitando, se esbarrando numa improvável casa de chá de Vancouver. O processo é inevitável. Não é sequer coincidência. É apenas uma maneira como o mundo funciona, sem consideração pelo indivíduos ou pela adequação."

Achei genial a idéia do autor. Mas ainda acho que a teoria precisa se acertar em alguns pontos. Agora vou falar sobre a minha real ideia a respeito da teoria.


Figurantes são aquelas pessoas que quando você menos espera acaba as encontrando.
Elas estão presentes em todos os lugares que você costuma frequentar, desde seu caminho ao trabalho até os bares da cidade.
Você acaba até criando certa simpatia pela pessoa, é como se fosse um amigo que você nunca conversou, apenas o vê de uma determinada distância.
A partir do momento que a pessoa começa a conversar com você, automaticamente ela deixa de ser figurante, ou melhor, ela nunca foi um figurante, pois uma vez figurante sempre figurante.
Figurantes são imutáveis. Eles estarão presentes em todos os momentos da sua vida, só que indiretamente. 
Fora os figurantes de "cenário", existem também aqueles que estão presentes para te atrapalhar. Eles estão nas filas de bancos e supermercados, nos vestibulares e nos hospitais.
Estão presentes em maiores quantidades e geralmente se envolvem em acidentes e como consequência morrem.
Enfim, não existem tantas pessoas nesse mundo, ou melhor, universo.
Talvez quem seja figurante nesse universo em outro pode ser protagonista e vice-versa.


3 comentários:

  1. Muito interessante.
    Eu tive contato com a teoria de Gaiman através de um amigo e me lembro que disse a ele que eu era mais econômico do que Gaiman e que eu pensava existirem talvez 500 grupos de 500 pessoas reais e o resto estaria inconsciente de si, sendo personagens secundários compondo um cenário onde 250 mil seres humanos autênticos vivessem o grande enredo da história humana. Num universo de 6 bilhões, as chances de alguem dessas tribos de 500 se encontrarem é pequena, o que talvez faça com que uma "pessoa real" seja uma criatura bem solitária.

    São devaneios meus que remetem a um tempo da minha infância, quando eu tinha a certeza de que o cenário diante dos meus olhos desaparecia assim que eu virasse as costas e ressurgia logo que eu voltasse a dar-lha atenção, como se o universo inteiro fosse a minha ribalta e eu o ator principal.
    Crianças podem ser megalomaníacas sem que isso lhes seja contado como defeito, não?
    Gaiman é genial!
    E adorei esse seu espaço e suas idéias.

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  2. Obrigada pelo comentário! :)

    Quando criança (ou ainda até hoje) também pensava dessa forma, achava que toda vez em que eu piscasse os olhos o mundo inteiro estaria apagando também. Achava que eu tinha esse controle (ou ainda tenho, rsrs).

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  3. Olá.
    Adorei a postagem.
    Adorei o blog, na realidade.
    Sou grande fã do trabalho do Gaiman (digamos que sou viciado) e adoro esse trecho de Anansi.
    Bons sonhos.

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